sábado - 23/03/2024

Opinião: Exercício físico pós Covid-19 – Professor Cezimar Correia Borges

A ciência vem destacando a importância da atividade física na saúde geral, em especial no sistema imunológico[1]. Diante do quadro epidêmico da COVID-19, estudos mostraram que pessoas ativas tem menor chance de ter complicações em comparação aos sedentários[2,3]. O exercício regular promove saúde nos vários sistemas corporais e bem-estar geral, sendo necessário incluir também na rotina daqueles que foram acometidos pelo SARS-COV-2 em algum momento de sua recuperação.

Levantamento com 3762 pessoas diagnosticadas com COVID-19 em 56 países indicou que de 205 sintomas possíveis, 66 podem permanecer por pelo menos 7 meses após o contágio, e que na média, 9 destes foram sentidos por cada indivíduo, sendo os mais relatados a fadiga e distúrbios cognitivos, mesmo para pessoas que tiveram quadros leves ou moderados[4]. Para os de casos graves, o retorno de suas funcionalidades é prejudicado por fatores neurais, cardiorrespiratórios e perda de função muscular. Sequelas pulmonares e cardiovasculares tais como miocardite, arritmia, isquemia, tromboses, entre outras, merecem ser investigadas para um retorno seguro às atividades físicas[4].

A Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e Esporte recomenda uma avaliação pré-participação ao exercício, baseada em anamnese, exame físico e bateria de testes clínicos (ECG, imagens, marcadores de lesão cardíaca, etc) [5]. Sugerem um intervalo de pelo menos 14 dias após a resolução do quadro clínico da COVID-19 para retorno à atividade física. A prescrição dos exercícios fica a cargo do profissional de educação física conforme avaliações específicas que além de anamnese, incluem testes de capacidades físicas e composição corporal. Deve obedecer a princípios como da individualidade (dependente do histórico na doença) e da lógica de progressão gradativa de carga de esforço (volume / intensidade).

Considerando que muitos sobreviventes da COVID-19 apresentam sequelas de debilidades musculares, o exercício do tipo resistido, utilizando cargas externas que podem ser aplicadas desde equipamentos de musculação, elásticos e até do próprio peso do corpo / membros, constitui-se uma alternativa interessante caso prescrito e monitorado adequadamente[6]. Associados a estes, é preciso gradativamente propor esforços cíclicos contínuos (ditos aeróbios), além de incentivar movimentos básicos da vida diária como andar e realizar tarefas domésticas / laborais e de entretenimento.

REFERÊNCIAS:
[1] Wang J, Liu S, Li G, Xiao J. Exercise Regulates the Immune System. Adv Exp Med Biol;1228:395–408, 2020.
[2] Fernández-Lázaro D, et.al. Physical exercise as a multimodal tool for COVID-19: Could it be used as a preventive strategy? Int J Environ Res Public Health;17:1–13, 2020.
[3] de Souza FR, et al. Physical Activity Decreases the Prevalence of COVID-19-associated Hospitalization: Brazil EXTRA Study. MedRxiv 2020.
[4] Davis HE, et al. Characterizing long COVID in an international cohort: 7 months of symptoms and their impact. MedRxiv 2020.
[5] Colombo C Simone, et.al. Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte. Posicionamento sobre avaliação pré-participação cardiológica após Covid-19 – Orientações para retorno à prática de exercícios físicos. SBME, 2021.
[6] Gentil P, Andre C, Lira B De, Coswig V, Kunz W, Barroso S, et al. Practical Recommendations Relevant to the Use of Resistance Training for COVID-19 Survivors. Frontiers in Phsiology;12:1–11, 2021.

Professor Cezimar Correia Borges
Graduado em Educação Física (UFU-MG)
Pós-graduado lato senso em formação para ensino superior (UFU-MG)
Mestre em Educação Física / Fisiologia do exercício (UNB-DF)
Doutor em Ciências da Saúde (UFG-GO)
Docente no curso de Educação Física da UEG – Itumbiara
Docente nos cursos de Educação Física, Fisioterapia e Medicina da UNICERRADO-Goiatuba.

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